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quinta-feira, 3 de março de 2016

As Impressionantes Fotos da Região de Fukushima Quase 5 Anos Após o Desastre Nuclear


Recentemente divulgamos aqui uma série de fotos, feitas por uma equipe de pesquisadores da Bielorrússia, sobre a vida selvagem na zona de exclusão de Chernobyl. Hoje iremos comentar a respeito de dois projetos realizados por fotógrafos sobre como está a região de Fukushima, quase 5 anos após o desastre nuclear que ocorreu em março de 2011.

São fotos bem impressionantes de locais comuns de cidades, cujos moradores tiveram que ser evacuados de suas casas ao longo da zona de exclusão de Fukushima. Vamos saber mais sobre esse assunto?

O Projeto do Fotógrafo Arkadiusz Podniesinski


Um projeto fotográfico novo e impressionante oferece uma visão sem precedentes sobre a zona de exclusão silvestre e desolada em torno da usina nuclear de Fukushima, onde toneladas de solo contaminado cobertos por uma densa vegetação estão "engolindo" centenas de veículos e casas abandonadas.

A zona de exclusão com cerca de 20 km em torno da usina nuclear, agora se assemelha a cenas da série pós-apocalíptica "The Walking Dead". As pessoas abandonaram após os avisos sobre os perigosos e elevados níveis de radioatividade, deixando carros, salas de aula, bibliotecas, supermercados a mercê da natureza, que está retomando seu espaço.

Dezenas de veículos jazem abandonados e estão sendo cobertos pela vegetação
ao longo do que um dia foi um trecho de uma estrada próximo da usina nuclear de Fukushima
Quatro anos e sete meses após o acidente nuclear que levou 160.000 pessoas a serem evacuadas de suas casas, a grande maioria ainda não pode voltar e algumas áreas ainda são consideradas perigosas demais para se entrar. Mesmo assim o governo japonês recentemente anunciou que planeja liberar algumas cidades, as mais distantes da central nuclear de Fukushima. 

Arkadiusz Podniesinski, 43 anos, um fotógrafo e cineasta profissional da Polônia, visitou Fukushima no mês passado para ver os efeitos do desastre com seus próprios olhos.

"Meu objetivo foi mostrar o estado real da zona de exclusão. Futaba, Namie e Tomioka são cidades fantasmas, cujo espaço vazio é aterrorizante, e mostram uma tragédia que afetou centenas de milhares de pessoas", disse Podniesinski.

Devido a um grande tsunami de 15 metros de altura após um grande terremoto em 11 de março de 2011, três dos reatores da central nuclear de Fukushima foram desativados. Nos dias seguintes todos os três núcleos tinham derretido e no total, quatro reatores foram atingidos.

Uma vez que moradores e trabalhadores foram forçados a deixar suas casas por autoridades japonesas, tudo foi deixado para trás. Supermercados ainda têm produtos nas prateleiras, nas lousas das escolas ainda está escrito a lição do dia e os carros foram abandonados nas ruas e estradas.

Karts permanecem alinhados e prontos para correr em um parque de diversões localizado dentro da zona de exclusão
Muitos veículos encontram-se quase completamente cobertos pela vegetação, que cresce livremente desde o desastre nuclear de Fukushima
Uma moto acorrentada a um poste onde foi deixada horas antes do tsunami atingir a região, provocando um colapso do reator
Depois de quatro anos sem manutenção, a vegetação vem lentamente "engolindo" os carros abandonados na região

O fotógrafo Arkandiusz Podniesinski mostra uma leitura de radiação de 6,7 uSv/h dentro da perigosa zona de precipitação
Hoje em dia, cerca de 20.000 trabalhadores tentam limpar cidades e vilarejos, rua por rua, casa por casa. As paredes e telhados de todos as edificações estão sendo higienizadas em um esforço para permitir que os moradores voltem para as suas casas.

Entretanto, o processo de limpeza não para por aí. Campos enormes são preenchidos com sacos pretos contendo solo contaminado. A camada superior do solo é retirada, enquanto as camadas inferiores são cuidadosamente limpas.

"Quando entrei na zona de exclusão, a primeira coisa que notei foi a enorme escala de trabalho de descontaminação. Esta foi uma maneira de elaborar minhas próprias conclusões, sem ser influenciado por qualquer notícia na mídia, propaganda do governo ou lobistas nucleares que estão tentando minimizar os efeitos do desastre", disse Podniesinski.

Na foto aparecem as rachaduras na terra causado pelo terremoto, que antecedeu ao tsunami. O gado que aparece na foto
é de propriedade de Masami Yoshizawa, um proprietário de terras que retornou à sua fazenda após o desastre

Uma pilha de televisores antigos contaminados se encontram amontoados

Uma fotografia aérea feita por um drone mostra os diversos locais de despejo que contêm dezenas de milhares de sacos de solo contaminado

Para economizar espaço, os sacos de solo radioativo são empilhados um em cima dos outros

Proprietários de terras céticos que viviam dentro da zona de exclusão disseram que todos os sacos contaminadas de solo serão eliminados
Ele acrescentou que as pessoas com quem ele falou, estavam preocupadas se nunca mais seriam capazes de voltar para casa.

"Eles não acreditam nas garantias dadas pelo governo de que em 30 anos os sacos contendo resíduos radioativos terão desaparecido. Eles estão preocupados que os resíduos radioativos vão permanecer lá para sempre", completou. 

Muitas cidades da zona de exclusão estão fechadas aos visitantes. Como muitas ainda possuem um índice considerável de radiação, é necessário a utilização de roupas e equipamentos apropriados. Uma vez que a área ao redor da instalação nuclear possui um trabalho em andamento, Podniesinski teve grande dificuldade de conseguir acesso.

Quatro anos depois, uma livraria totalmente revirada devido ao terremoto, encontra-se intocada em um estado caótico

Os monitores de computadores cobertos por lixo e fezes de animais intocados dentro de uma sala de aula

Teias de aranha entre as prateleiras de um supermercado, onde os produtos ainda estão espalhados pelo chão

Dezenas de bicicletas acorrentadas em um bicicletário

O desastre foi provocado por um terremoto que gerou o tsunami. Na foto é mostrado um ginásio escolar danificado pelo tremor

A mesa de jantar e cadeiras, ainda com tigelas, permanecem intocados

Um quadro-negro de uma sala de aula ainda exibe a lição do dia que as crianças estavam aprendendo no momento do terremoto
"Não era difícil até eu viajar para Fukushima. Precisei de duas semanas por lá para conseguir falar com as pessoas certas", disse.

Apesar de conseguir acesso a grande parte da zona da exclusão de Fukushima, o fotógrafo polonês não conseguiu entrar nas zonas vermelhas ou laranjas, e disse que espera voltar um dia.

"O que eu gostaria de fazer é ver as zonas vermelhas e laranjas, as mais contaminadas e mais desertas. Aqui o tempo parou como se o acidente tivesse acontecido ontem", disse Podniesinski.

"Uma autorização a parte é necessária para cada uma das localidades da zona vermelha, que é emitida apenas para as pessoas que têm uma razão oficial e legítima de ir para lá. Turistas não são permitidos.  Até mesmo os jornalistas não são bem-vindos. As autoridades são bem cautelosas", completou.

Trabalhadores vestindo roupas de proteção limpando uma casa, na esperança de que isso irá permitir,
que seus moradores voltem para as suas casas

Não muito tempo depois do acidente, começaram a sugir manchas brancas misteriosas na pele das vacas.
Um proprietário de uma fazenda suspeita que isso seja devido ao fato das vacas comerem a grama contaminada

Kouichi Nozawa vive com sua esposa Youko em um quarto no alojamento temporário perto de Fukushima,
após terem sido evacuados da zona de exclusão

Um piano destruído e instrumentos musicais jogados no chão após os moradores terem sido evacuados após o desastre nuclear de Fukushima

O fotógrafo Arkadiusz Podniesinski, vestindo roupas de proteção, disse que sentiu como se o tempo tivesse parado na região
Embora tanto o terremoto e tsunami que se seguiu tenham sido a causa do acidente nuclear, Arkadiusz Podniesinski disse que eles não são os culpados.

"Os seres humanos são os culpados pelo desastre da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi. Este desastre poderia ter sido previsto e evitado", finalizou.

O Projeto Dos Fotógrafos Guillaume Bression e Carlos Ayesta 


"Ficar parado no meio de uma rua deserta, no meio de uma cidade deserta é uma 'sensação muito estranha'", disse Guillaume Bression, jornalista e cinegrafista, que atualmente mora em Tóquio.

Esta é uma sensação que Bression e seu parceiro Carlos Ayesta, têm vivenciado várias vezes nas áreas ainda desabitadas, circunvizinhas de Fukushima. No silêncio e no vazio há um sentimento inabalável de perda, abandono e melancolia. 

Ambos vêm fazendo inúmeras viagens as cidades que foram evacuadas ao redor da usina nuclear. Na última viagem eles focaram suas lentes sobre o sentido da perda sofrida pelos antigos moradores destas cidades. Uma vez que algumas cidades, pelo menos as mais afastadas do epicentro do desastre, estão prontas para serem repovoadas, a sensação de perda continua.

O mais recente projeto de Bression e Ayesta, que deve ser apresentado com uma série de outros projetos patrocinados pela Chanel, na região central de Tóquio, foca sobre as questões sociais que a deslocalização em massa são engendradas.

Midori Ito em um supermercado abandonado na cidade proibida de Namie. Logo após o desastre, ela foi evacuada de Minami Aizu
por medo dos riscos de saúde associados à radioatividade.
Isso faz parte de ensaio fotográfico, que por sua vez faz parte do projeto de arte. Ex-moradores são vistos em seu ambiente habitual, em poses e sendo iluminados pela dupla. Dando um simulacro inquietante de normalidade em meio à ruína.

Ao convidar as pessoas a voltarem para os espaços dilapidados de suas vidas anteriores, e fazendo-os posar com algum sentido de normalidade entre a ruína e a decadência da zona do desastre, a dupla ressalta o custo humano da tragédia. Ao utilizar espaços comuns dos ex-moradores - uma casa, um antigo salão de cabeleireiro, um supermercado que iam todos os dias ou um ginásio de uma escola - o sentimento de perda é sentido intensamente, o efeito dissonante.

Mikaze Risa Sato e Kumakura em um bar de karaokê em Namie. Os moradores de Koriyama, ainda não tinham visitado
a região desde que foi abandonada durante o desastre nuclear
Masayoshi Kawada sentado um restaurante em Namie

Yasushi Ishizuka em um pachinko (uma espécie de fliperama japonês) em Tomioka.
"Não era um carro em uma estação ferroviária... Havia um proprietário ali, que provavelmente morreu... Os carros sofrem mudanças e permanecem aqui. Toda vez que voltamos o carro está lá, como um testemunho da morte, do acidente", disse Ayesta, via e-mail, sobre um símbolo pungente do que a região perdeu e o que ainda permanece.

As pessoas se sentam ou ficam em pé em meio as ruínas de suas antigas vidas, "congelados" e olhando para a câmera, rodeados por uma versão decadente de uma vida normal: um cartaz de publicidade de supermercado de produtos frescos, uma longa mesa em um restaurante ainda arrumada para um banquete.

Hidemasa e Michiko Otaki em Tomioka, uma cidade duramente atingida pelo tsunami e evacuada após o acidente nuclear

Noboru Eda em uma loja de CDs abandonada em Namie.
"Quando você traz as pessoas, também existe um sentimento estranho. Na maioria das vezes eles não entendem o projeto, porque eles são agricultores, pessoas realmente do campo. Primeiramente você precisa convencê-los a ir, para então confiarem em você, e em seguida você tira uma foto deles", disse Bression, por telefone, em uma entrevista para a CNN.

"É como uma foto de estúdio. Nós usamos luzes artificiais. Nós expomos um monte de coisas dentro do seu próprio lugar. As reações são interessantes. Às vezes eles choram, então eles começam a falar mais sobre si mesmos e seus sentimentos. No Japão é realmente difícil obter o sentimento das pessoas, porque elas são tímidas e introvertidas", completou.

"Era muito importante que eles fossem eram modelos", disse Bression à CNN em um email. "Todos eles têm uma história relacionada
ao acidente. Pedimos aos antigos residentes ou habitantes da região de Fukushima, e em alguns casos, proprietários reais de certas propriedades,
para se juntar a nós dentro da zona proibida, e abrir as portas para estes comuns, mas agora hostis, lugares.
Para os participantes é igualmente desolador e chocante, ficar cara a cara com os restos em processo de decomposição de algo tão familiar.

"Se não fosse por esse projeto, eu nunca teria visto esta zona proibida com meus próprios olhos", disse Kanoko Sato, moradora de uma cidade próxima chamada Koriyama, uma vez que ela foi fotografada em um ginásio no bairro de Ukedo, na cidade de Namie, localizada ao norte em relação a usina nuclear de Fukushima.

"A cidade de Koriyama é próxima, mas até agora eu não sabia o quanto este lugar estava devastado", completou.

Kanoko Sato em um ginásio destruído em Ukedo
Bression disse que o projeto poderia ter sido focado em qualquer outra crise onde as pessoas têm que deixar a segurança de suas próprias casas e a familiaridade de seus arredores cotidianos.

"O que nós realmente queríamos, era focar a discussão sobre o que os habitantes expressam agora e vão precisar enfrentar no futuro. O principal problema agora são as 80.000 pessoas ainda estão evacuadas, eles vivem em casas ou apartamentos de baixa qualidade, que não são convenientes para eles. Alguns querem voltar, outros não. Queremos falar sobre as questões sociais que a crise tem causado, não a própria crise", disse Bression.

Existe uma hesitação entre um desejo de retornar e um medo do que ainda permanece, tanto em relação a energia invisível que ainda emite cliques nos contadores Geiger dos oficiais - embora a radiação esteja finalmente voltando aos níveis normais - quanto a degradação física de sua casas e meios de subsistência.

"Queremos falar sobre as questões sociais que a crise tem causado, não a própria crise", disse Bression.

Shigeko Watanabe tinha uma pequena editora no centro da cidade de Namie. Desde o desastre, ela ainda não recomeçou a sua empresa
"De ano para ano, o ponto de vista deles muda. Eu diria que após o primeiro ano, eles realmente acreditavam na descontaminação e acreditavam que iriam recomeçar bem mais cedo", completou.

"Aqueles que são idosos não têm medo da radiação, mas o problema agora é que as cidades ficaram vazias por cinco anos e eles começaram a reconstruir a vida em outro lugar. Eles sabem que seus netos não irão visitá-los se eles se mudarem", finalizou.
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