Um estudo de pesquisadores financiados pela NASA publicado em 13 de abril de 2014, na revista "Geochimica et Cosmochimica Acta", revelou que o planeta Terra pode ter tido um suprimento de vitamina B3, de origem extraterrestre, através de meteoritos ricos em carbono. O resultado apoia a teoria de que a origem da vida pode ter sido amparada por uma fonte de moléculas essenciais, criadas no espaço e trazidas para a Terra, por meio dos impactos de cometas e meteoros. Essa teoria é a tão famosa panspermia cósmica defendida por Chandra Wickramasinghe (veja o vídeo sobre as "Estranhas Chuvas Vermelhas").
"É sempre difícil atribuir um valor a conexão entre meteoritos, e a origem da vida. Por exemplo, em um trabalho anterior foi mostrado que a vitamina B3 pode ter sido produzida de forma não-biológica no planeta Terra, mas é possível que uma fonte adicional de vitamina B3 possa ter sido útil neste processo", diz Karen Smith, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA.
"A vitamina B3, também chamada de ácido nicotínico ou niacina, é uma precursora da NAD (nicotinamida-adenina-dinucleótido, também conhecida como dinucleótido de nicotinamida e adenina ou então difosfopiridina nucleotídeo), que é essencial para o nosso metabolismo, e provavelmente de origem muito antiga", completou.
Karen Smith é o autora principal do artigo sobre este estudo juntamente com outros co-autores do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado de Maryland, nos EUA.
Não é a primeira vez que a vitamina B3 foi encontrada em meteoritos. Em 2001, uma equipe liderada por Sandra Pizzarello, da Universidade Estadual do Arizona, também nos EUA, a descobriu junto a moléculas relacionadas aos chamados ácidos carboxílicos de piridina no meteorito do Lago Tagish, que por sua vez é localizado no Canadá.
No estudo realizado por Karen Smith e sua equipe, no Laboratório Goddard de Astrobiologia Analítica, eles analisaram amostras de oito diferentes meteoritos ricos em carbono, chamados de "condritos carbonáceos do tipo CM-2". Os pesquisadores encontraram a vitamina B3 em concentrações que variam entre 30 e 600 partes por bilhão. Eles também encontraram outros ácidos carboxílicos de piridina em concentrações semelhantes e, pela primeira vez, encontraram ácidos dicarboxílicos de piridina.
"Nós descobrimos um padrão - um pouco de vitamina B3 (e outros ácidos carboxílicos de piridina) foi encontrado em meteoritos que vieram de asteroides, que foram mais alterados pela água líquida. É possível que essas moléculas tenham sido destruídas durante o contato prolongado com água líquida", disse Karen.
"Nós também realizamos experimentos preliminares em laboratório, simulando condições no espaço interestelar, e eles nos mostraram que a síntese de vitamina B3, e outros ácidos carboxílicos de piridina poderiam ser possíveis em grãos de gelo", completou.
Uma placa de alumínio, congelada em uma câmara de vácuo a cerca de -253ºC, foi utilizada para representar a superfície gelada de um grão de poeira interestelar. Gases contendo água, dióxido de carbono, e piridina foram liberados dentro da câmara, os congelando assim sobre a a mesma. A placa então foi bombardeada com prótons a cerca de 1 milhão de volts, a partir de um acelerador de partículas para simular a radiação espacial. A experiência produziu uma variedade de moléculas complexas, incluindo a vitamina B3.
"A sonda Rosetta poderia ajudar a validar estas experiências se encontrasse algumas das mesmas moléculas orgânicas complexas nos gases liberados pelo cometa ou pelo núcleo do cometa", finalizou Karen Smith.
Como Tudo Teria Começado
Os cientistas acreditam que o sistema solar se formou quando uma densa nuvem de gás, poeira e grãos de gelo entrou em colapso sob sua própria gravidade. Aglomerados de poeira e gelo foram agregados em cometas e asteroides, alguns dos quais colidiram entre si para formar objetos planetesimais. Eventualmente alguns deles se uniram para então formar os planetas.
O espaço é repleto de radiação proveniente de estrelas próximas, bem como fruto de episódios violentos nas profundezas do espaço sideral como no caso de explosão de estrelas (supernovas) e buracos negros devorando matéria. Esta radiação poderia ter alimentado as reações químicas na nuvem (nebulosa), de que se formou o sistema solar, e algumas dessas reações podem ter produzido moléculas biologicamente importantes como a vitamina B3.
Asteroides e cometas são considerados, mais ou menos dizendo, resquícios ainda intactos da formação do nosso sistema solar, e muitos meteoritos são amostras valiosas de asteroides que convenientemente venham a cair aqui Terra. No entanto, alguns asteroides são menos intocados do que outros.
Asteroides podem ser alterados logo após suas formações por reações químicas mediante água líquida. À medida que crescem, asteroides incorporam material radioativo, que havia presente na nebulosa do sistema solar. Se o material radioativo acumula em quantidade suficiente em um asteroide, o calor produzido por este material seria suficiente para derreter o gelo dentro do asteroide. Os pesquisadores, portanto, podem determinar o quanto um asteroide foi alterado pela água ao examinar as assinaturas químicas e mineralógicas nos meteoritos desses asteroides.
Quando asteroides colidem com meteoroides ou outros asteroides, pedaços acabam sendo desprendidos dos mesmos, e alguns deles, eventualmente, chegam até o planeta Terra como meteoritos.
As Principais Razões Para A Vitamina B3 Ter Vindo Do Espaço
A equipe duvida que vitamina B3 e outras moléculas encontradas em seus meteoritos tenha sido originada por meio da vida terrestre. Isso tudo devido a duas razões principais.
Em primeiro lugar, a vitamina B3 foi encontrada juntamente com os seus isômeros estruturais, que por sua vez são moléculas que têm a mesma fórmula química, mas cujos átomos estão ligados por uma ordem diferente. Estas outras moléculas não são utilizadas pela vida terrestre.
A química não-biológica tende a produzir uma grande variedade de moléculas - basicamente tudo que seja permitido considerando os materiais e condições que estiverem presentes - mas a vida é gerada apenas com as moléculas de que necessita.
Se a contaminação, proveniente da vida terrestre, foi a fonte da vitamina B3 nos meteoritos, apenas a vitamina deveria ter sido encontrada, e não outras moléculas relacionadas.
Em segundo lugar, a quantidade de vitamina B3 encontrada nos meteoritos foi relacionada com o quanto os asteroides que os originaram teriam sido alterados pela água. Essa correlação com as condições dos asteroides, tornaria improvável que a vitamina B3 fosse obtida através de alguma contaminação na Terra.
E aí, assombrados? Será que a vida veio mesmo do espaço? Façam suas apostas!
"É sempre difícil atribuir um valor a conexão entre meteoritos, e a origem da vida. Por exemplo, em um trabalho anterior foi mostrado que a vitamina B3 pode ter sido produzida de forma não-biológica no planeta Terra, mas é possível que uma fonte adicional de vitamina B3 possa ter sido útil neste processo", diz Karen Smith, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA.
"A vitamina B3, também chamada de ácido nicotínico ou niacina, é uma precursora da NAD (nicotinamida-adenina-dinucleótido, também conhecida como dinucleótido de nicotinamida e adenina ou então difosfopiridina nucleotídeo), que é essencial para o nosso metabolismo, e provavelmente de origem muito antiga", completou.
Karen Smith é o autora principal do artigo sobre este estudo juntamente com outros co-autores do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado de Maryland, nos EUA.
Não é a primeira vez que a vitamina B3 foi encontrada em meteoritos. Em 2001, uma equipe liderada por Sandra Pizzarello, da Universidade Estadual do Arizona, também nos EUA, a descobriu junto a moléculas relacionadas aos chamados ácidos carboxílicos de piridina no meteorito do Lago Tagish, que por sua vez é localizado no Canadá.
O resíduo contendo vitamina B3, e compostos relacionados, obtido ao simular as condições espaciais |
"Nós descobrimos um padrão - um pouco de vitamina B3 (e outros ácidos carboxílicos de piridina) foi encontrado em meteoritos que vieram de asteroides, que foram mais alterados pela água líquida. É possível que essas moléculas tenham sido destruídas durante o contato prolongado com água líquida", disse Karen.
"Nós também realizamos experimentos preliminares em laboratório, simulando condições no espaço interestelar, e eles nos mostraram que a síntese de vitamina B3, e outros ácidos carboxílicos de piridina poderiam ser possíveis em grãos de gelo", completou.
Uma placa de alumínio, congelada em uma câmara de vácuo a cerca de -253ºC, foi utilizada para representar a superfície gelada de um grão de poeira interestelar. Gases contendo água, dióxido de carbono, e piridina foram liberados dentro da câmara, os congelando assim sobre a a mesma. A placa então foi bombardeada com prótons a cerca de 1 milhão de volts, a partir de um acelerador de partículas para simular a radiação espacial. A experiência produziu uma variedade de moléculas complexas, incluindo a vitamina B3.
"A sonda Rosetta poderia ajudar a validar estas experiências se encontrasse algumas das mesmas moléculas orgânicas complexas nos gases liberados pelo cometa ou pelo núcleo do cometa", finalizou Karen Smith.
Como Tudo Teria Começado
Os cientistas acreditam que o sistema solar se formou quando uma densa nuvem de gás, poeira e grãos de gelo entrou em colapso sob sua própria gravidade. Aglomerados de poeira e gelo foram agregados em cometas e asteroides, alguns dos quais colidiram entre si para formar objetos planetesimais. Eventualmente alguns deles se uniram para então formar os planetas.
O espaço é repleto de radiação proveniente de estrelas próximas, bem como fruto de episódios violentos nas profundezas do espaço sideral como no caso de explosão de estrelas (supernovas) e buracos negros devorando matéria. Esta radiação poderia ter alimentado as reações químicas na nuvem (nebulosa), de que se formou o sistema solar, e algumas dessas reações podem ter produzido moléculas biologicamente importantes como a vitamina B3.
Os cientistas acreditam que o sistema solar se formou quando uma densa nuvem de gás, poeira e grãos de gelo entrou em colapso sob sua própria gravidade |
Asteroides podem ser alterados logo após suas formações por reações químicas mediante água líquida. À medida que crescem, asteroides incorporam material radioativo, que havia presente na nebulosa do sistema solar. Se o material radioativo acumula em quantidade suficiente em um asteroide, o calor produzido por este material seria suficiente para derreter o gelo dentro do asteroide. Os pesquisadores, portanto, podem determinar o quanto um asteroide foi alterado pela água ao examinar as assinaturas químicas e mineralógicas nos meteoritos desses asteroides.
Quando asteroides colidem com meteoroides ou outros asteroides, pedaços acabam sendo desprendidos dos mesmos, e alguns deles, eventualmente, chegam até o planeta Terra como meteoritos.
As Principais Razões Para A Vitamina B3 Ter Vindo Do Espaço
A equipe duvida que vitamina B3 e outras moléculas encontradas em seus meteoritos tenha sido originada por meio da vida terrestre. Isso tudo devido a duas razões principais.
O depósito químico na placa de alumínio congelada após ser bombardeada com prótons, o que resultou na presença da vitamina B3 |
A química não-biológica tende a produzir uma grande variedade de moléculas - basicamente tudo que seja permitido considerando os materiais e condições que estiverem presentes - mas a vida é gerada apenas com as moléculas de que necessita.
Se a contaminação, proveniente da vida terrestre, foi a fonte da vitamina B3 nos meteoritos, apenas a vitamina deveria ter sido encontrada, e não outras moléculas relacionadas.
Em segundo lugar, a quantidade de vitamina B3 encontrada nos meteoritos foi relacionada com o quanto os asteroides que os originaram teriam sido alterados pela água. Essa correlação com as condições dos asteroides, tornaria improvável que a vitamina B3 fosse obtida através de alguma contaminação na Terra.
E aí, assombrados? Será que a vida veio mesmo do espaço? Façam suas apostas!
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