Nos inícios dos anos 70, em uma pequena cidade do Estado de Missúri, EUA, houve um acontecimento que deveria ter provocado manchetes, mas nenhuma recebeu.
Certa manhã, um garoto de dez anos, todo afobado, chegou à escola e, quase sem fôlego, contou que viu um gato de dois rabos, cruzando o seu caminho. Os colegas zombaram dele e acharam que deveria estar enganado. No entanto, reafirmando o menino a autenticidade daquilo que acabara de ver, tomaram-no por maluco.
A garotada ainda estava em acalorada discussão quando o professor entrou na sala de aulas e perguntou pelo motivo de tamanha indisciplina. Ouviu o que tinham a dizer e depois chamou o menino para a sua mesa; ordenou que confessasse, perante toda a classe, haver mentido. O garoto negou-se terminantemente a obedecer a ordem e repetiu: "Vi um gato de dois rabos!" Então, sob risadas e gozações de todos, o professor pôs o menino nos joelhos e aplicou-lhe uma boa tunda no traseiro.
A partir de então o garotinho foi tomado por mentiroso; os colegas zombavam dele e, por fim, o marginalizaram. Em breve, tornou-se mau aluno; deixou de prestar atenção durante as aulas e de fazer lições em casa. Ao primeiro sinal da campainha anunciando o término das aulas, saía da escola correndo pelas ruas, atravessava os campos e dirigia-se para a floresta, à beira do rio. Procurava por "seu" gato, queria uma prova viva de sua existência e do fato de não ter falado mentira.
Assim continuou por algumas semanas, até que, certa noite, o menino não voltou para casa. Os pais que, várias vezes, haviam censurado o filho por sua teimosia, foram avisar o xerife; este, por sua vez, chamou os vizinhos para, à luz de tochas, irem em busca do desaparecido.
Encontraram o seu cadáver, pendendo dos galhos de um salgueiro.
Muitas pessoas, entre elas os colegas de escola do morto, assistiram ao enterro e todos experimentaram um certo sentimento de remorso.
Durante as cerimônias fúnebres, viram, com seus próprios olhos, um gato de dois rabos, pulando sobre os túmulos.
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